Você pode não acreditar, mas para segurar um copo cheio de água, levá-lo à boca, ingerir o líquido que vai matar a sede, há necessidade de ter confiança em si mesmo. Esta confiança não está presente na consciência. Por ser um fato corriqueiro, ninguém presta a atenção nela. O gesto é automático. Ninguém fica pensando em cada movimento que vai realizar.
Saciar a sede implica numa sucessão de manobras que merecem ser analisadas. Então, vejamos, uma pessoa pega o copo no armário, encaminha-se até a geladeira, retira a garrafa, bebe a água, lava o copo e o guarda. Repare quantas oportunidades tem para sofrer um acidente. E, o que é mais interessante, ninguém está ligando a mínima para o perigo. Evidentemente, o copo e a garrafa são de vidro, bastando um movimento descuidado para caírem e se quebrarem. As consequências podem variar somente de prejuízos materiais, até ferimentos graves. No caso de ferimentos, estes podem ir desde um insignificante talho na pele a uma lesão de expressiva gravidade, comprometendo tendões, nervos e artérias, ocasionando incapacidade definitiva ou não, de acordo com o dano sofrido.
Em todos os momentos, a confiança em si tem que estar presente. Uma tarefa do cotidiano, por mais insignificante que seja, tem que ter a sua presença obrigatória. Passa despercebida nessas solicitações habituais devido às suas familiaridades, portanto, não necessitando estar presente na lembrança a todo instante, estando automaticamente implícita.
Como reforço do grau de importância da confiança em si próprio, tomemos como exemplo um indivíduo cortando as unhas. Durante toda a sua existência aparou as unhas de todos os dedos, com o alicate apropriado, sem jamais aventar a possibilidade de se cortar. Muito menos de adquirir uma doença grave. Contudo, é uma hipótese remota, mas possível. Se alguém lhe dissesse para esterilizar o alicate, mandando-o limpar embaixo das unhas e desinfetar as mãos. Surpreendido com a saraivada de recomendações, espantado perguntaria: “Por quê?” A resposta viria de imediato. “Você pode se cortar e adquirir um tétano.” Naturalmente, ele riria. Não daria a menor das importâncias. Sacudiria os ombros, fazendo pouco caso. Por outro lado, se lhe solicitassem para subir no parapeito de uma janela, no terceiro andar de um edifício e ali ficasse se equilibrando sem se segurar, durante um minuto. Logicamente ele diria: “Está louco! Como é que me faz uma solicitação desta. Você pensa que eu estou maluco?” Claro esta, que ele não executaria tal proeza. Se o mesmo pedido fosse feito a um equilibrista de circo, ele acharia graça, acreditando até que fosse brincadeira, Diante de tanta simplicidade.
Nos exemplos expostos, não é preciso muito esforço para compreender a importância da autoconfiança. No referente ao corte das unhas, e no que concerne ao equilíbrio do artista circense na janela, ela não está presente de forma ostensiva na consciência. Porém, o simples ato de cortar as unhas envolve um risco em potencial com considerável grau de gravidade. O mesmo pode ser dito para o profissional que ganha a vida desafiando a lei da gravidade, ao se equilibrar no peitoril de uma janela. Em ambas as situações, num a possibilidade de contrair uma doença séria e noutro, a de despencar do umbral e se estatelar no chão, nem assusta por não passar pela cabeça que tais acontecimentos desagradáveis possam ocorrer. A habitualidade reforçou a confiança, garantindo a segurança. Tanto é que não precisam estar dizendo ou lembrando a sua necessidade para realizarem esses procedimentos.
No caso do indivíduo que nunca se equilibrou numa janela, o primeiro sentimento que aflora é o de medo. A ideia de cair prontamente se manifesta. No seu modo de pensar, tem certeza de que vai cair. O suor é frio, as mãos tremem, as pernas bambeiam, um friozinho corre na espinha e ele se vê esborrachado lá embaixo, no solo. Se aventurar a subir na janela, de jeito nenhum.
Embora os potenciais de risco de ficar doente cortando as unhas e de cair da janela, sejam exatamente iguais, evidente que na segunda hipótese, a falta de confiança em si próprio é flagrante. A imaginação, em vez de trabalhar a favor, age contra e o indivíduo se visualiza em uma vertiginosa queda.
Em qualquer empreendimento que a pessoa atribui um valor significativo, representando um desafio para atingir o topo do sucesso, o primeiro sentimento que surge é o de medo. Algo não muito bem definido desperta esse temor. A impressão de fracasso aparece de forma viva. A vontade de desistir, aos poucos, vai ficando forte. O pensamento de não querer continuar começa a martelar a mente de maneira insistente. Nesta fase, jogar os planos por água abaixo aparenta ser a melhor saída. Conformar-se com o que já conseguiu, é a melhor das soluções. Pensar que Deus quer assim, pois sabe o que faz, serve de consolo, uma justificativa para si e para todos que o conhecem. Um bálsamo que ameniza o sofrimento das pretensões não alcançadas. E uma cruz na sepultura, onde jaz a ambição de um direito de ser alguém na vida.
Qualquer desistência da conquista de um objetivo é uma agressão, ou, especificando melhor, é uma tentativa de assassinato perpetrado contra a autoconfiança. O trauma sofrido é de tal magnitude, que o sentimento de autoestima fica abalado.
“Só você tem o poder de mudar o curso da sua vida. É preciso tão pouco, basta querer e agir.”