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LIBERDADE, SEGURANÇA E VIOLÊNCIA

Liberdade é a garantia de que o direito de escolher seus próprios objetivos e caminhos para atingi-los será respeitado até o ponto em que não prejudique a liberdade alheia. Logo, liberdade e segurança são irmãs gêmeas, e não é possível liberdade sem segurança, embora a recíproca não seja verdadeira! Segurança é, pois, um sentimento básico inerente ao próprio instinto de conservação da espécie humana. A segurança é função em grande parte do conhecimento que se tem das coisas e do ambiente. É o próprio sentimento de liberdade! É a função do conhecimento das possibilidades de agirmos sem sofrer reações contrárias.

O homem não se sente livre no desconhecido e, por paradoxal que pareça, nessas condições ele teme a liberdade. Logo, podemos concluir que o conhecimento é o fator básico de tudo. e em especial da segurança, sem a qual praticamente não há liberdade.  

Em suma: liberdade é uma coisa complexa e até perigosa! Por isso mesmo, só a vigilância garante o exercício sadio da liberdade!  

Por outro lado, vemos que a violência faz parte da vida do homem desde os tempos remotos, mudando apena o modus operandi. É uma questão de sobrevivência e sempre foi gerada pelos mesmos fundamentos, dos quais destaco a ambição e a desigualdade social.  

Se fizermos uma retrospectiva da história universal, incluindo os livros do velho Testamento, concluiremos que a paz da Humanidade depende da paciência dos miseráveis! Sempre houve na Terra ricos e pobres. Nos tempos mais remotos, os povos não conheciam a paz porque os pobres que possuíam sentimento reagiam contra os ricos, redundando nas constantes guerras ao longo das Idades Antiga e Média.

Os centros urbanos, com um vertiginoso crescimento industrial, são polos de atração para o elevado êxodo rural, responsável pelo amontoado humano nas periferias das grandes cidades. As pessoas, vivendo em condições subumanas, desligadas de parentes e amigos, são vítimas da reprovação social. Por serem incógnitas na multidão, esquecidas dos princípios éticos e da razão, tendem a liberar suas inclinações sentimentais e antissociais. A violência não é reflexo da estrutura socioeconômica da pobreza, como defendem certos analistas e teólogos.  Quando ela passa a ser intensa e até requintada, é sintoma evidente da profunda decadência moral da sociedade contemporânea que, servindo-se da inteligência para dar vazão às forças instintivas, de maneira desregrada, agride outros membros da mesma sociedade. A política, outrora a arte de bem dirigir os destinos do povo, tendo por objetivo o bem comum, passou a significar corrupção, mordomias e falácia. O pobre não só foi subjugado, como também teve elevada parcela de seu universo transformado em miserável em virtude da crescente exploração do homem pelo homem. Tamanha foi a mudança de comportamento, orquestrada pelos ricos e poderosos, que hoje assistimos, atônitos, os efeitos de tudo.

A falta de um berço (família) para direcionar o homem torna-o arrogante, prepotente e insensível. Aproveita o poder aquisitivo para acirrar uma disputa idiota de mostrar que pode mais, esnobando casas e automóveis suntuosos, num desfile estúpido diante da maioria miserável. Esta minoria abastada, mas sem berço, é responsável, em grande parte, pela violência. Enquanto demonstra poder aquisitivo, a riqueza é observada pelos miseráveis (sem berço) que nada têm a não ser seus filhos com fome e doentes.

Enquanto o menino rico aguarda na porta do colégio um carro particular para levá-lo a duas quadras de casa, o menino pobre caminha, muitas vezes com fome, dois, três ou mais quilômetros para ir e vir do colégio, isto quando pode estudar. Esta criança já cresce revoltada. Quando adulta, extravasa sua revolta justamente contra os ricos e contra todos que aparentem melhores condições financeiras, pois lhe faltou berço.

Os presídios brasileiros, vítimas do descaso e da corrupção, foram transformados em verdadeiras universidades do crime, com vários comandos organizados. As rebeliões, comandadas por telefones celulares e suborno, demonstram que o crime se organiza, sofistica-se a cada dia no Brasil, dentro e fora dos presídios. Em contrapartida, os homens de bem (por falta de sentimento e berço) não se organizam para enfrentar o crime organizado.

Cuidar das crianças de hoje para que sejam agentes da paz no futuro está fora das prioridades políticas. Os oligarcas só pensam em seus mandatos e cargos para desfrutar de bem-estar e garantir o futuro de seus filhos, parentes e amigos. Não enxergam, por falta de sentimento, que poderão vir a ser vítimas da violência criada por eles mesmos.

Em suma: sem ética, sem moral e sem conscientização de todas as camadas da sociedade, as melhores constituições, as melhores leis e as melhores instituições sociais são letras mortas, não solucionarão os problemas da violência. Afinal, quem sustenta o narcotráfico não é o pobre, são os abastados (mas sem berço) soltos na multidão, preocupando-se somente com seus próprios interesses. Repito: a paz da Humanidade depende da paciência dos miseráveis (sem berço e sem sentimento). Reflitam sobre esses fundamentos.